NÍVEIS DE SELEÇÃO

Desvendando os 3 Níveis de Seleção no Behaviorismo: Uma Abordagem Abrangente

Behaviorismo Radical

Introdução

O behaviorismo, uma das escolas mais influentes da psicologia, revolucionou a forma como entendemos o comportamento humano e animal. Em vez de focar em processos mentais internos, o behaviorismo concentra-se no comportamento observável e mensurável, buscando entender como ele é influenciado pelo ambiente.

Um dos conceitos mais importantes dentro do behaviorismo é a ideia de que o comportamento é moldado por diferentes níveis de seleção. Esses níveis de seleção atuam de forma interconectada, influenciando desde os comportamentos mais básicos até os mais complexos. Neste artigo, vamos explorar os três principais níveis de seleção no behaviorismo:

Filogenético: A herança genética da espécie.
Ontogenético: A história de vida individual.
Cultural: A influência da sociedade e da cultura.


Compreender esses níveis de seleção é fundamental para uma análise completa e eficaz do comportamento, permitindo intervenções mais precisas e personalizadas em diversas áreas, desde a terapia até a educação e a gestão de empresas.

Nível Filogenético: A Herança da Espécie

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O nível filogenético refere-se à história evolutiva de uma espécie e como essa história moldou seu comportamento inato. A seleção natural, ao longo de milhares de anos, favoreceu comportamentos que aumentaram a sobrevivência e a reprodução, resultando em padrões de comportamento que são transmitidos geneticamente.

Exemplos de Comportamentos Filogenéticos:

Reflexos: Respostas automáticas e involuntárias a estímulos específicos, como o reflexo de piscar ou o reflexo de sucção em bebês.
Padrões Fixos de Ação (PFAs): Sequências complexas de comportamento que são desencadeadas por um estímulo específico e seguem um curso predefinido, como a construção de ninhos por pássaros.
Esses comportamentos filogenéticos são essenciais para a sobrevivência, pois permitem que os organismos respondam rapidamente a situações críticas sem a necessidade de aprendizado prévio. Eles formam a base sobre a qual os outros níveis de seleção irão atuar.

“Os reflexos e padrões fixos de ação são exemplos de comportamentos filogenéticos que garantem a sobrevivência da espécie.” Compreender o behaviorismo, Baum (2008)

Nível Ontogenético: A História Individual

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O nível ontogenético refere-se à história de vida de um indivíduo e como essa história moldou seu comportamento através de processos de aprendizagem. O condicionamento clássico e o condicionamento operante são os principais mecanismos pelos quais o ambiente influencia o comportamento individual.

Condicionamento Clássico:

Descoberto por Ivan Pavlov, o condicionamento clássico envolve a associação de estímulos. Um estímulo neutro, quando pareado repetidamente com um estímulo incondicionado (que naturalmente provoca uma resposta), passa a eliciar uma resposta semelhante.

Condicionamento Operante:

Desenvolvido por B.F. Skinner, o condicionamento operante foca em como as consequências do comportamento influenciam sua frequência. Comportamentos seguidos por reforçadores (consequências agradáveis) tendem a se repetir, enquanto comportamentos seguidos por punidores (consequências desagradáveis) tendem a diminuir.

“Através do condicionamento operante, o indivíduo aprende a se comportar de maneira a obter reforçadores e evitar punidores, moldando seu comportamento de acordo com as demandas do ambiente.” Compreender o behaviorismo, Baum (2008)

Nível Cultural: A Influência da Sociedade

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O nível cultural refere-se à influência da sociedade e da cultura no comportamento humano. A cultura é transmitida através de gerações por meio de linguagem, imitação, modelagem e outras formas de aprendizagem social.

Transmissão Cultural:
A cultura molda nossos valores, crenças, normas sociais e comportamentos. Através da cultura, aprendemos a nos comportar de maneira considerada apropriada em nossa sociedade.

“A cultura fornece um conjunto de regras e práticas que guiam o comportamento individual, promovendo a coesão social e a adaptação ao ambiente.” Compreender o behaviorismo, Baum (2008)

Recomendação de leitura:

Compreender o Behaviorismo

Referência na área, Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução explica a base da análise do comportamento e sua aplicação aos problemas humanos de forma aprofundada, mas acessível. William M. Baum atualiza os conceitos de análise do comportamento e teoria da evolução cultural partindo da nova perspectiva evolutiva. O autor apresenta…

Comporte-se: A biologia humana em nosso melhor e pior

Somos capazes de cometer atos terríveis de violência, mas também de agir de forma igualmente bondosa e empática uns para com os outros. Neste livro, Robert M. Sapolsky explora as diferentes camadas que compõem cada um dos comportamentos humanos, buscando entender como nosso cérebro evoluiu em paralelo com a cultura ― e como essa complexa dinâmica ajuda a definir os impulsos que nos moveram ao longo da história…

Interação entre os Níveis de Seleção

É importante ressaltar que os níveis de seleção não atuam isoladamente. Eles interagem de forma complexa para moldar o comportamento. A filogenia fornece a base inata, a ontogenia molda o comportamento individual através da experiência, e a cultura fornece o contexto social e as normas que influenciam o comportamento.

Por exemplo, a capacidade de aprender (filogenia) permite que um indivíduo aprenda a falar (ontogenia) uma língua específica transmitida por sua cultura. A cultura, por sua vez, pode modular comportamentos inatos, como a expressão de emoções.

“O comportamento humano é o resultado de uma complexa interação entre a herança genética, a história individual e a influência da cultura.” Compreender o behaviorismo, Baum (2008)

Aplicações Práticas dos Níveis de Seleção

A compreensão dos níveis de seleção tem diversas aplicações práticas:

Terapia Comportamental: Analisar a história de vida do paciente para identificar os eventos que moldaram seu comportamento e desenvolver intervenções personalizadas, como identificar o contexto cultural do cliente, além de seu ambiente familiar.


Educação: Criar ambientes de aprendizagem que promovam o desenvolvimento de habilidades e comportamentos desejáveis, utilizando reforçadores eficazes e considerando a influência da cultura.


Gestão de Empresas: Desenvolver culturas organizacionais que incentivem o desempenho, a colaboração e a inovação, compreendendo como os diferentes níveis de seleção influenciam o comportamento dos funcionários.

Críticas e Limitações da Abordagem dos Níveis de Seleção

Apesar de sua importância, a abordagem dos níveis de seleção no behaviorismo também enfrenta críticas. Alguns argumentam que ela simplifica demais a complexidade do comportamento humano, negligenciando a influência de fatores cognitivos e emocionais.

Outros questionam a ênfase excessiva no ambiente externo, argumentando que o indivíduo tem um papel mais ativo na construção de seu próprio comportamento.

Apesar dessas críticas, o behaviorismo continua sendo uma abordagem relevante e influente na psicologia, fornecendo ideias valiosas sobre como o comportamento é moldado pela experiência e pelo ambiente. Trata-se de uma ciência sólida que está em constante avaliação e modificação sem perder seus princípios.

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Conclusão

Os níveis de seleção no behaviorismo oferecem uma estrutura eficaz para entender a complexidade do comportamento humano. Ao considerar a influência da filogenia, ontogenia e cultura, podemos obter uma compreensão mais completa de como o comportamento é moldado e desenvolver intervenções mais eficazes para promover mudanças positivas no indivíduo.

Perguntas Frequentes

Por que os níveis de seleção são importantes no behaviorismo?

Os níveis de seleção ajudam a entender como diferentes fatores (herança genética, história individual e cultura) moldam o comportamento.

Quais são os três níveis de seleção no behaviorismo?

Os três níveis são: filogenético, ontogenético e cultural.

Quais são exemplos de comportamentos filogenéticos?

Reflexos (piscar) e padrões fixos de ação (construção de ninhos).

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