Por Que Gostamos de Jogar? Uma Introdução

Ah, os jogos! Sejam eles eletrônicos, de tabuleiro, cartas ou esportes, eles exercem um poder inexplicável sobre nós. Mas por que gostamos de jogar? O que nos atrai para esses mundos virtuais, desafios estratégicos e competições acirradas? A resposta pode ser encontrada na Análise do Comportamento (AC), uma abordagem da psicologia que desvenda os mecanismos por trás das nossas ações e preferências.
A Análise do Comportamento: Decifrando a Linguagem dos Jogos

A Análise do Comportamento, também conhecida pela sua filosofia, o behaviorismo radical, é uma ciência que estuda o comportamento observável e mensurável, buscando entender como ele é influenciado pelo ambiente e pelas consequências que produz. Em vez de especular sobre processos mentais internos, a AC se concentra em identificar as relações funcionais entre o comportamento e seus determinantes.
No contexto dos games, a AC nos ajuda a entender como os jogos são projetados para nos manter engajados, motivados e, em alguns casos, até mesmo viciados. Entender por que gostamos de jogar é crucial para aproveitar os benefícios dos games de forma consciente.
Dois conceitos centrais na análise do comportamento são o condicionamento clássico (desenvolvido por Ivan Pavlov) e o condicionamento operante (proposto por B.F. Skinner). O condicionamento clássico explica como aprendemos a associar estímulos, enquanto o condicionamento operante descreve como nossos comportamentos são influenciados por suas consequências.
Reforço: Aumenta a probabilidade de um comportamento ocorrer novamente.
Punição: Diminui a probabilidade de um comportamento ocorrer novamente.
Extinção: Reduz a frequência de um comportamento quando o reforço é removido.
Discriminação: Aprender a responder de forma diferente a estímulos diferentes.
Para se aprofundar nesses conceitos, recomendo a leitura do livro “Princípios básicos de análise do comportamento” de Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Medeiros.
Recomendações de Leituras:

Somos capazes de cometer atos terríveis de violência, mas também de agir de forma igualmente bondosa e empática uns para com os outros. Neste livro, Robert M. Sapolsky explora as diferentes camadas que compõem cada um dos comportamentos humanos, buscando entender como nosso cérebro evoluiu em paralelo com a cultura ― e como essa complexa dinâmica ajuda a definir os impulsos que nos moveram ao longo da história…

Princípios Básicos de Análise do Comportamento, principal livro-texto brasileiro da área, chega à sua 2ª edição totalmente atualizado. Nesta obra ricamente ilustrada e com uma linguagem dinâmica, os autores proporcionam ao leitor uma visão global do comportamento humano.

Jogos nem sempre são utilizados comensalidades lúdicas e entretenimento. O livro “Análise do Comportamento e Teoria dos Jogos” apresenta como jogos têm auxiliado na compreensão e na resolução de temas importantes como: egoísmo, altruísmo, cooperação, competição, guerras, violência, poluição, escassez de recursos, entre pessoas e países, consumismo, imigração crescente entre países, crescimento demográfico descontrolado no mundo todo etc. Pela primeira vez, um livro aborda diretamente a intersecção entre essas duas ciências que há mais de décadas tem se preocupado em pesquisar e atuar sobre dilemas sociais humanos.
Como os Games Usam o Behaviorismo para Nos Envolver

Os designers de games são mestres em aplicar os princípios behavioristas para criar experiências que nos mantêm engajados. Mas, afinal, por que gostamos de jogar tanto que dedicamos horas a essa atividade? A resposta reside na forma como os jogos exploram nossos mecanismos de aprendizado e motivação. Veja alguns exemplos:
Sistemas de Recompensas: Games utilizam pontos, power-ups, itens colecionáveis e conquistas para reforçar comportamentos desejados, como jogar por mais tempo, completar desafios e explorar o mundo do jogo. A neurociência também possui uma grande participação nesta questão, incluindo sistema de recompensa cerebral, circuitos de dopamina e córtex pré-frontal, no entanto, não entraremos no universo das neurociencias.
Progressão: A sensação de progredir e se tornar mais poderoso é um forte motivador. Games utilizam sistemas de níveis, habilidades desbloqueáveis e equipamentos cada vez melhores para nos manter jogando.
Feedback Imediato: Games fornecem feedback constante sobre nossas ações, seja através de notificações visuais, sonoras ou táteis. Esse feedback nos ajuda a aprender e a ajustar nosso comportamento para obter melhores resultados. Funcionam como um sistema CRF, ou seja reforço contínuo. Mas nem sempre, muitos games funcionam como reforço intermitente, tornando a retirada do jogo e o abandono mais difícil.
Desafios Graduais: Games apresentam desafios que aumentam gradualmente em dificuldade, mantendo-nos engajados sem nos sobrecarregar. Aqui entra melhor o conceito de reforço intermitente, pois nem sempre você vai vencer. Quem nunca se deparou com o chefão badass que te dava muita dor de cabeça? Mesmo com punições comportamentais, você insistia em derrotá-lo, e quando conseguia, um reforçador de alta magnitude era adicionado em sua história de contingência.
A combinação de metas claras, desafios atingíveis e progressão gradual cria uma sensação de flow, um estado de imersão total em que perdemos a noção do tempo e nos sentimos completamente absorvidos pela atividade. É por isso que muitos se perguntam: por que gostamos de jogar tanto que esquecemos do mundo ao redor?
Exemplos de Games e seus Mecanismos Behavioristas

MMORPGs (Massively Multiplayer Online Role-Playing Games):
Sistemas de reforçadores complexos que incluem missões, níveis, itens raros e reconhecimento social.
Comportamentos sociais reforçados através de trabalho em equipe, cooperação e competição.
Jogos de Tiro (Shooters):
Reforçamento imediato por abater inimigos e completar objetivos.
Punição por morrer ou não cumprir objetivos, incentivando a jogar com mais cuidado e estratégia.
Jogos de Estratégia:
Reforçamento por construir bases, coletar recursos e derrotar oponentes.
Punição por tomar decisões erradas, perder recursos e ser derrotado.
Jogos de Quebra-Cabeça:
Reforçamento por resolver desafios e avançar para níveis mais difíceis.
Jogos de Simulação (SimCity, The Sims):
Reforçamento por construir cidades prósperas ou criar personagens bem-sucedidos.
Cada um desses jogos, à sua maneira, responde à pergunta: por que gostamos de jogar? Eles oferecem um mundo de possibilidades e reforçadores que nos atraem e nos mantêm engajados.
Recomendações de Jogos que exploram sociabilidade:

Faixa etária (descrição)
A partir de 10 anos
Número de jogadores
2 ou mais
Marca
Grow
Tema
Filmes e Séries
Material
papel cartão

Sobre este item
2-10 Jogadores
Duração: 15 min
Mecânicas: Jogadores com Diferentes Habilidades, Eliminação de Jogadores, Memória, Toma essa, Blefe, Dedução
Idade: 14+
Jogo de Estratégia

Sobre este item
ENIGMAS MACABROS: Desvende 50 histórias assustadoras, bizarras e surpreendentes.
PERFEITO PARA TODOS OS LUGARES: Jogo sem limite máximo de jogadores, ideal para festas e viagens.
FÁCIL DE APRENDER: Divirta-se desvendando enigmas em qualquer lugar, a qualquer momento.
AMPLIE SUA COLEÇÃO: Parte da série Histórias Sinistras, conhecida por seus desafios intrigantes.
NACIONALIZADO: Agora localizado como “Histórias Sinistras”, mantendo a qualidade e conteúdo original.

Sobre este item
Jogo com o livro A Volta ao Mundo em 80 Dias de Júlio Verne
Livro interativo com 7 desafios contra o tempo
Contém: 1 livro de 64 páginas, 1 ampulheta, 1 catapulta, 1 corda, 1 mini quebra-cabeça, 3 meios de transporte para montar e cartas
WAR GAME OF THRONES
Aplicações Positivas dos Games: Gamificação na Educação e Terapia

Felizmente, os princípios behavioristas podem ser aplicados de forma positiva em diversas áreas, como educação, saúde e treinamento. Por que gostamos de jogar? Porque os jogos nos ensinam, nos desafiam e nos reforçam, e esses elementos podem ser usados para o bem. Seja em uma união familiar ou reconhecimento social, os jogos são uma ferramenta que podem ser usadas para melhorar condições ruins e solucionar problemas.
Gamificação na Educação:
Uso de elementos de jogos (pontos, rankings, desafios) para tornar o aprendizado mais envolvente e eficaz.
Exemplos de plataformas e aplicativos educacionais gamificados.
Treinamento de Habilidades:
Games podem ser usados para treinar habilidades cognitivas, motoras e sociais em áreas como medicina, esportes e forças armadas.
Terapia:
Games podem ser usados como ferramentas terapêuticas para tratar fobias, ansiedade, depressão e outros transtornos.
Exemplo: Jogos de simulação de transito e condução podem ajudar alguém a tratar fobias de condução!
Ética e Responsabilidade no Design de Games
Como designers e jogadores, é importante considerar as implicações éticas do uso de princípios behavioristas em games. Devemos nos esforçar para criar jogos que promovam o bem-estar e o desenvolvimento saudável dos jogadores, em vez de explorar sua compulsão e vulnerabilidade. A pergunta central deve ser: por que gostamos de jogar e como podemos usar esse conhecimento para criar experiências positivas?
O Lado Sombrio: Vício em Games e a Manipulação Psicológica

Embora os princípios behavioristas possam ser usados para criar jogos divertidos e educativos, eles também podem ser explorados para criar jogos viciantes e manipuladores. É importante estar ciente de que a mesma psicologia que explica por que gostamos de jogar pode ser usada para nos prender a jogos de forma prejudicial.
Loot Boxes: Sistemas de reforçadores intermitentes que exploram a compulsão e o desejo de obter itens raros, muitas vezes envolvendo microtransações.
Pay-to-Win: Mecânicas de jogo que permitem aos jogadores comprar vantagens com dinheiro real, desequilibrando a experiência e incentivando o gasto excessivo.
Design Viciante: Mecânicas de jogo que são cuidadosamente projetadas para manter os jogadores engajados pelo maior tempo possível, muitas vezes à custa de seu bem-estar.
É importante estar ciente desses riscos e jogar de forma consciente e equilibrada, evitando o vício e o comportamento problemático.
Você pode gostar de Tratamento de vícios: O Poder da Análise do Comportamento. Conheça 4 Estratégias que a Análise Comportamental Oferece!
Conclusão: O Poder do Behaviorismo nos Games
Os princípios do behaviorismo são uma ferramenta essencial para entender e moldar o comportamento humano, e os games são um campo fértil para sua aplicação. Ao compreender como esses princípios funcionam, podemos criar jogos mais envolventes, educativos e terapêuticos, ao mesmo tempo em que evitamos os perigos do vício e da manipulação. Entender por que gostamos de jogar é o primeiro passo para criar um futuro dos games mais positivo e responsável.
Palavras-chave: Jogos, Games, Vício em Games, Análise do Comportamento, Behaviorismo, Reforçamento, Recompensas, Gamificação, Imersão, Psicologia dos Games, Por que gostamos de jogar?.